ER S03 – S04

   

Nas temporadas 3 e 4 de ER, além do ótimo roteiro já citado, percebi um alto desempenho técnico dos atores e principalmente dos diretores de cada episódio (sim, são vários), que trabalham com filmagens longas e complexas. O trabalho de câmera (ou diria “dos câmeras”) é excepcional e essencial para criar o clima de emergência de um Pronto Socorro. Além disso, assistindo às cenas cortadas, ainda sem nenhuma edição, percebemos o quanto somos levados à momentos de tensão apenas pelos sons dos aparelhos e instrumentos médicos, efeitos sonoros colocados somente após as filmagens, mas que se integram ao ambiente tão perfeitamente que não percebemos serem efeitos “artificiais”.

Novamente eu irei citar aqui algo que, para mim, faz a diferença entre séries boas e ruins: a capacidade de prender a atenção e despertar curiosidade do espectador. Em ER, os casos diários atendidos no Pronto Socorro são importantes, mas se tornam secundários pois aprendemos a dar atenção à vida de cada personagem. Os personagens não têm um objetivo comum como “Sair da Ilha”, “Salvar o Mundo”, “Encontrar o assassino”, “Resolver um caso médico”… Eles são apresentados e explorados no seu dia-a-dia, como pessoas normais lutando para alcançar seus objetivos, sem nada espetacular ou especial acontecendo, sem algo inexplicável para atiçar a curiosidade do espectador. E mesmo assim, sem essas artimanhas, a forma como as pessoas e fatos são apresentados faz com que você queira ver o que irá acontecer no próximo episódio, na próxima temporada.

Nestas 2 temporadas muita coisa acontece com diversos personagens, como Susan Lewis se mudando para Pheonix para morar com a irmã e a sobrinha, mesmo após uma declaração de amor do Dr. Greene. Ele, por sua vez, resolve curtir a vida de solteiro, saindo com várias mulheres e agindo como o garanhão Doug Ross, que volta a namorar a enfermeira Carol.

Mas o que me chamou mais atenção foi a abordagem de um assunto ainda polêmico e atual: A AIDS. A enfermeira Jeanie descobre a doença e enfrenta um dilema entre a ética e a paixão pelo seu trabalho. Ela se vê obrigada a contar sobre sua situação, e apesar do suporte da Dra. Weaver, quase perde o emprego e sofre um certo preconceito, mesmo em um ambiente onde as pessoas conhecem e entendem o assunto. Porém, ela demonstra paciência e segurança ao cuidar do filho do Diretor de Staff do Hospital, o Dr. Anspaugh, ganhando sua confiança e ajudando a manter seu emprego.

Apesar de pensar que o personagem principal do seriado é o HOSPITAL (assim como em Lost o personagem principal é a ILHA), eu enxergo 2 personagens no centro do seriado: Dr. Mark Greene e Dr. John Carter, que ganham mais episódios dedicados do que o restante dos personagens. Curiosamente, dentre os personagens mais freqüentes, Mark é o mais experiente e John o mais inexperiente. Sendo o hospital o que eles chamam de um “Teaching Hospital”, ou seja, um hospital escola, acredito que este foco nos 2 não seja uma mera coincidência.

Leitores, mãos a obra. A Ilha de Lost é toda sua…
Thiago Barrionuevo

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ER S01 – S02

Quando minha esposa insistiu em começarmos a assistir ER, não fiquei nada animado. Desde pequeno conheço o seriado, já que minha mãe assistia “Plantão médico” dublado na Tv aberta. Naquela época não gostava nada de ver sangue e ferimentos, termos técnicos e correria.
Hoje, assistindo ER com outros olhos, confesso que me surpreendi e gostei muito: apesar de ainda não me dar bem com todos os closes de partes do corpo ensanguentadas, a qualidade técnica e o realismo empregado em cada episódio são realmente excepcionais e os atores ajudam com boas atuações.

ER é uma ótima série de drama, que mostra o ambiente hospitalar por diversos ângulos diferentes: conhecemos a visão das enfermeiras, dos recepcionistas, dos pacientes e principalmente dos médicos residentes. Além disso, a série se estende para a vida pessoal destes profissionais, mostrando como é difícil conciliar trabalho com a família.

Nas duas primeiras temporadas, o grande foco fica na vida de Mark Greene, o residente chefe do hospital, que se vê dividido entre o sonho de ser médico e a relação com a esposa e filha. Obviamente outros personagens são explorados, como os residentes Doug Ross, Susan Lewis e Peter Benton e o estudante John Carter, cada um com seus problemas, medos e lutas. A vida de Carol, uma enfermeira experiente e exemplar, também tem um grande foco nas duas temporadas, perceptível logo no primeiro episódio em que ela, depressiva, tenta suicídio.

ER explora também o primeiro socorro prestado por paramédicos, contando assim a história de Shepard e de seu amigo Raul. Em um episódio dramático, sentimos a tensão dos paramédicos ao salvarem famílias de um incêndio, dentre elas, a mãe traficante que provocou o incêndio enquanto preparava drogas, o que, aliado ao fato de Raul sair gravemente ferido do incêndio, faz com que Shepard se torne uma pessoa amarga e extremamente dura com os seres humanos à sua volta.

Em ER existem tantas ramificações, tantos coadjuvantes importantes que fica muito difícil comentar sobre tudo. O que impressiona, é que nenhuma história, nem mesmo do “coadjuvante menos importante” fica sem desfecho. Chloe Lewis, por exemplo, é a irmã viciada de Susan Lewis, e tem um papel importante tanto na vida pessoal como profissional da médica quando tem uma filha e a abandona, deixando a responsabilidade nas costas da irmã.

Relembrando os quase 50 episódios das 2 temporadas, fica fácil lembrar do predileto: Doug Ross, após ser informado da decisão da diretoria de demití-lo ao fim do contrato, sai de uma entrevista de emprego numa clínica e, desolado pela possibilidade de não estar mais no ambiente de emergência do qual gosta, pensa em acender um cigarro de maconha, “presente” de um paciente. Antes que o faça, porém, um garoto pede sua ajuda para salvar o irmão, preso na tubulação de escoamente de água, numa tarde de muita chuva. O episódio é memorável e digno de um bom filme de suspense e ação. Sem dúvida o melhor episódio da série até aqui.

Mesmo não sendo o meu estilo favorito de seriado, a nota 42 se deve ao ótimo trabalho técnico da direção, da numerosa equipe de atores que gera a complexidade controlada de histórias e fatos, e pelo fato de ser um seriado capaz de nos envolver emocionalmente. Estou realmente curioso para saber como estas pessoas irão enfrentar as dificuldades que a vida de médico reserva para cada uma delas.

Leitores, mãos a obra. A Ilha de Lost é toda sua…
Thiago Barrionuevo
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